Laboratório maker da quebrada faz morador descobrir outro futuro
Já imaginou um laboratório na quebrada onde é possível fazer experimentos tecnológicos e criar quase tudo o que você pode imaginar? No Jardim São Joaquim, zona sul de São Paulo, o Fab Lab Guarapiranga está cumprindo essa missão de apresentar para os moradores do território experiências com a cultura maker.
Por Tamires Rodrigues | Edição de Ronaldo Matos
Rodolfo da Silva, 29, acorda no sábado animado. Ele está no grupo de moradores da quebrada que reservou um espaço na agenda do fim de semana para descobrir o universo das novas tecnologias e da cultura maker. Frequenta a oficina de montagem de impressora 3D.
Ele leva 20 minutos para chegar na unidade do Fab Lab Guarapiranga, na zona sul de São Paulo, onde laboratórios de criatividade estão esperando-o. Além de profissionais capacitados para orientar e formar o público, ali ele pode usar as impressoras 3D e também cortadoras a laser, plotter de recorte, fresadoras CNC, computadores com software de desenho digital CAD, equipamentos de eletrônica e robótica e ferramentas de marcenaria e mecânica.
Ou seja, as ferramentas perfeitas para que ele mergulhe num universo de novas possibilidades. Ele conta que a paixão pela tecnologia veio, especialmente, pelo fascínio por carros autônomos, como os da Tesla (montadora norte-americana comandada por Elon Musk)
"Meu interesse pela tecnologia surgiu com o carro", diz. "Eu brincava na rua, pegava um tampa, uma bacia e fazia de conta que era um carro. O tempo foi passando, fui vendo os carros se desenvolvendo… Hoje, se você olhar lá fora, têm carros que são super desejados, como a Ferrari, e que são até duas vezes mais baratos porque têm direção autônoma e segurança ativa e passiva excelentes."
Ele chegou a descobrir uma laboratório similar na mesma época em que os Fab Lab´s estavam sendo criados, no entanto, ele lembra que ainda era difícil o acesso nesses laboratórios privados, porque o atendimento era pago por hora, diferente dos Fab Lab´s Livres que possuem todas as atividades gratuitas – porém o morador ainda não tinha tanta informação sobre o processo de funcionamento dos laboratórios localizados nas quebradas, porque estavam em processo de implementação. Hoje, já são 12 unidades administradas pela Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia, em parceria com o Instituto de Tecnologia Social (ITS Brasil).
Agora, anos depois, ele viu o modelo ser copiado pela universidade privada onde trabalha –e ao qual não tem acesso, o que despertou nele a vontade de voltar aos espaço. Mas não é fácil transitar por esses mundos, conta Silva. Ele diz que, muitas vezes, se sente cabisbaixo.
"A gente tem muita informação e, às vezes, fica até chateado, porque vê tanta coisa que não se encaixa em muitas áreas."
Atentos a isso, os educadores Cícero Henrique e Gabriel Rodrigues, responsáveis pelas oficinas que acontece no laboratório, tentam descontruir juntos aos participantes essa ideia de que tecnologia é para poucos. Para isso, começam trazendo para o grupo as vivências e expectativas.
Segudo Cícero, faz parte mostrar que mesmo quem nunca teve contato com a tecnologia pode estar ali, e os erros acontecem sem julgamentos, porque se cria um trabalho em comunidade.
"Vamos trazer só conteúdo? Não. A gente gera conteúdo juntos, você pode trazer conteúdo. Essa é uma parte muito boa da liberdade que o laboratório dá", explica.
Foi nesse clima que Silva descobriu motivação para aprender mais e voltar com novas pretensões.
"Não tem como eu dizer como vai ser meu futuro daqui pra frente, mas eu tenho como norte a descoberta. Vamos descobrir muitas coisas nesse meio", afirma.
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