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Batalha de rima bomba no mundo digital com "live" em plataforma para gamers

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26/02/2020 04h00

 

Divulgação

Realizada em Barueri, a Batalha da Aldeia atrai MC's das quebradas de várias cidades de São Paulo e de outros estados. A iniciativa está construindo uma comunidade digital de admiradores do movimento hip hop, por meio de transmissões ao vivo em diferentes plataformas de streaming de vídeo, como o YouTube, onde já tem mais de 2,5 milhões de seguidores, e a  Twitch  

Por Tamires Rodrigues

A Batalha da Aldeia surgiu da dedicação e visão do seu cofundador Bob Treze. Ao se mudar para Barueri, ele notou que ali havia poucos movimentos sociais articulados pela juventude local, assim, ele resolveu fundar uma batalha de rap, na Praça dos Estudantes, no centro da cidade.

Antes de receber a primeira edição da Batalha da Aldeia, a Praça dos Estudantes era um point de pichação e local onde os jovens iam socializar e encontrar com amigos de outras quebradas da cidade. Hoje, a praça se transformou em palco do rap em Barueri, devido ao sucesso da Batalha da Aldeia. A cada edição da batalha, que acontece todas as segundas-feiras, a média de público que acompanha os duelos de MC's gira em torno de 1.500 a 2.000 pessoas.

Com o sucesso do evento, os organizadores perceberam que poderiam usar as redes sociais para alcançar outras pessoas que não conseguem ir até a cidade e então começaram a trabalhar com diversas plataformas digitais para produzir conteúdo.

"Isso começou a crescer. A gente fez Instagram, YouTube,  Twitter e Facebook. Agora a gente usa tudo", diz Lucas Matheus, um dos organizadores da batalha. Ele relembra que no início do projeto pegou sua câmera para fazer um canal no YouTube com o intuito de produzir os primeiros vídeos da batalhas para as redes sociais.

Atualmente,  o canal da Batalha da Aldeia tem 2,5 milhões de inscritos no YouTube. Em média, os vídeos publicados têm alto índice de visualização, sendo bastante comum atingirem mais de 100 mil views. Vídeos que ultrapassam a marca do milhão de visualizações também são constantes.  No Instagram, o  perfil da batalha já alcançou  a marca de 817 mil seguidores.

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"As batalhas são os verdadeiros celeiros dos MC's hoje. Grande parte dos artistas são crias das batalhas", afirma Lucas.

Toda segunda-feira, a batalha de rima é transmitida ao vivo na plataforma Twitch, um site de streaming que faz transmissões de jogos online para comunidades de gamers.

"A gente estava fazendo live pelo YouTube  e o Twitch reconheceu nosso potencial. Eles viram os números e tal e se interessaram, chamando a gente para conversar. Aí a gente decidiu transferir nosso conteúdo ao vivo e eles nos ajudam com a estrutura no evento", diz Lucas.

Com a parceria, Lucas acredita ter oportunidade de alcançar outros tipos de público, que fazem parte de diversas comunidades de gamers em todos o país.

Segundo Lucas, quando a batalha foi para Twitch havia a dúvida: "será que vai dar bom, será que a galera vai no Twitch assistir a gente?" A dúvida foi embora quando a batalha bateu o recorde no Twitch que não havia alcançado no YouTube. O recorde atual de público na Twitch é de 50 mil pessoas conectadas na transmissão ao vivo em um dia de batalha.

"Lá a galera associou realmente que a Batalha da Aldeia faz live agora. No YouTube a live era só mais uma coisa, era tipo um adendo. Os vídeos eram o principal no canal. E na Twitch é só live", afirma.

A equipe da Batalha da Aldeia já pensa em outros meios de divulgação para expandir o seu público fora do ambiente digital, fazendo propaganda nos pontos de ônibus e outdoors pela cidade de Barueri. Enquanto isso não acontece, eles continuam tendo as plataformas de streaming e redes sociais como suas principais estratégias de conexão com o público. Hoje eles têm uma pessoa exclusiva para fazer o planejamento da postagens, organizando o feed e se atualizando sobre o mundo do hip hop para manter sempre o público informado.

A organização da Batalha da Aldeia é feita por oito pessoas, e toda renda para manter os gastos do evento vem da monetização dos conteúdos publicados em suas redes sociais. Os integrantes criaram um estrutura de remuneração dentro da equipe: parte do que ganham é usada para pagar salários e a outra parte é reinvestida nas batalhas.

Sobre os autores

O Desenrola E Não Me Enrola é um coletivo de produção jornalística que atua a partir das periferias de São Paulo, investigando fatos invisíveis que geram grandes impactos sociais na vida dos moradores e moradoras dos territórios periféricos.

Sobre o Blog

Como a vida dos moradores das periferias vem sendo impactada pela revolução digital que transformou as relações sociais, econômicas, culturais e políticas? É isso que o coletivo de jornalismo Desenrola E Não Me Enrola vai contar aqui no blog, trazendo histórias diretamente de quebrada para você conhecer de maneira mais aprofundada esse contexto social que mescla recursos mobile, consumo, comportamento, redes sociais e inovação. Site: https://desenrolaenaomenrola.com.br/