Pesadelo! Quem depende do bilhete único sofre com sinal de internet ruim

Os alertas de "off-line" e "tente novamente" são constantes nas tentativas de validação de recarga de bilhete único
Moradores das periferias de São Paulo que usam aplicativos para recarregar o bilhete único de transporte reclamam da falta de sinal de internet para validação de crédito em linhas de ônibus que circulam pelas quebradas da zona sul, resultando em diversos incômodos e interrompendo até o trajeto no transporte público
Por Tamires Rodrigues | Edição de Ronaldo Matos
Durante a semana, Isabella Damas, moradora do Jardim Ângela, bolsão populacional localizado na zona sul de São Paulo, divide sua rotina entre casa, trabalho e faculdade. Ela se desloca entre o bairro, a estação da Sé e Guarulhos. Durante esse itinerário, Damas se viu desconfortável diante de uma situação.
"Eu carreguei o meu bilhete pelo aplicativo da Rede Ponto Certo e fui validar no ônibus, mas a máquina estava sem sinal", relembra.
Após a falha do equipamento, a usuária do transporte público relata que foi constrangida pelo cobrador, que fez comentários alegando que ela estava fazendo isso propositalmente para não pagar a passagem. "Eu até cheguei a falar que eu mostraria o comprovante para ele", complementa.
Depois do ocorrido, Isabella ressalta que não se sente mais à vontade em usar aplicativos de recarga para comprar passagens no bilhete único: "Eu parei de carregar pelo aplicativo; agora eu sempre carrego na moça da banca aqui perto de casa, porque eu tenho medo de acontecer isso novamente.''
Embora os aplicativos facilitem o processo da compra de créditos para o bilhete único, a validação da recarga precisa ser realizada em um posto de atendimento da SPTrans, disponíveis em comércios e terminais de ônibus que possuem pontos de auto-atendimento. Ou a recarga pode ser feita diretamente na catraca do coletivo. E aqui mora o problema, como já foi relatado no caso da Isabela.
Como nos horários de pico os moradores da quebrada andam sempre na correria, principalmente quando eles trabalham nas regiões centrais da cidade, o equipamento disponível na catraca do coletivo acaba se tornando o principal meio para validação de crédito.
Do outro lado da zona sul, Laura da Silva, moradora do Jardim Embura, vê a recarga pelo aplicativo como uma maneira mais prática e ágil para fazer viagens pela cidade, pelo fato de a região onde ela mora não ter pontos fixos de recarga de bilhete único.
"Eu já consegui carregar no ônibus algumas vezes, só que às vezes ele tem muitas surpresas, e a gente fica meio insegura de carregar pelo celular porque a gente não sabe se vai conseguir validar", conta ela.
Para a moradora usar outra alternativa, além do aplicativo, ela precisaria pegar uma condução até o comércio mais próximo de sua casa para carregar o bilhete. "Lá tem uma vendinha que carrega bilhete, mas teria que ir de ônibus. Se eu estiver sem crédito no bilhete, é impossível, né?'', afirma ela, reforçando que o uso do aplicativo ainda é o caminho mais fácil para conseguir ter o direito à cidade e ao transporte.
A equipe do Quebradatech entrou em contato com a SPTrans para entender como a empresa está pensando soluções para o problema que vem se repetindo em diferentes linhas e bairros da periferias de São Paulo, mas fomos informados por telefone que até o nosso contato "a empresa não tinha recebido nenhuma reclamação referente a esse tema; sendo assim, não poderia responder o porquê das máquinas de validação de crédito ficarem sem sinal na periferia".
Segundo a empresa que administra o transporte público na cidade, para saber o motivo das falhas nos equipamentos de recarga é preciso saber o prefixo das linhas de ônibus que estão com o problema, para fazer uma análise no sistema e por fim uma reparação. Portanto, caso você more em São Paulo e tenha passado por um problema idêntico, entre em contato com a SPTrans pelo telefone 156, ou neste link, indicando o número do prefixo da linha de ônibus da ocorrência.
Enquanto isso, o acesso à mobilidade e os recursos tecnológicos provenientes dela ainda limitam a circulação dos moradores das periferias pela cidade e até pelo próprio bairro.
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