Confeiteira quer criar clube de clientes online na periferia
Quem frequenta a confeitaria da dona Maria se depara com um quadro em destaque no seu balcão de bolos e doces, que exibe um código QR code. A partir dele, os clientes podem acessar diversas promoções em um aplicativo, ganhando possibilidades de gastar menos e comprar mais
Por Tamires Rodrigues | Edição de Ronaldo Matos
Na confeitaria Armazém do Bolo, iniciativa criada pela dona Maria José, moradora do Grajaú, distrito da zona sul de São Paulo, a experiência de administrar o negócio em épocas do mês com baixo volume de vendas motivou a criação de uma estratégia para ampliar as vendas: a implantação de um aplicativo para facilitar formas de pagamento, divulgação de promoções e acessibilidade de novos clientes.
Observando que essa seria mais uma oportunidade de negócio para seu comércio, Maria José resolveu adotar essas tecnologias com o intuito de trazer novas formas de pagamento e driblar uma crise econômica que estava se estabelecendo em seu estabelecimento.
Qualquer usuário de smartphone que acessa as redes sociais ou vai até o local da casa de bolos só precisa de uma câmera de celular para realizar a leitura do QR code, um código visual em forma de quadrado que fica exposto em um quadro no interior do estabelecimento. Com ele dá para ler uma série de informações digitalizadas que são transferidas imediatamente para a tela do celular.
A confeitaria existe há 16 anos no mesmo local: uma esquina de grande movimento de público no centro comercial do Grajaú. Segundo Maria, no começo do negócio, tudo era tudo feito sem muita pretensão, pois não tinha muitos investimentos e seus clientes estavam se acostumando com as novas propostas de bolos que ela produzia. Na sua percepção, os sabores e formatos fugiam totalmente da cultura de consumo que os moradores do bairro estavam acostumados.
"Eu trabalho com qualidade e tem que ter um bom preço, mas as pessoas achavam que era muito caro e falavam: 'nossa, seu bolo vale ouro"', relembra a confeiteira sobre as primeiras impressões do público.
Ela enfatiza que a sua casa de bolos faz parte de uma mudança de comportamento de consumo dos moradores da região. "Naquela época, o pessoal estava acostumado com bolo tradicional, aqueles de fubá, então eu fui a primeira que abriu aqui, e aos poucos fui ganhando os clientes. Foi o boca a boca mesmo que deu certo."
Ao observar que o movimento do comercio na região e a frequência na sua loja estavam caindo, ela pensou em novas possibilidades de comunicação para recuperar seus clientes.
Uma das soluções encontradas foi uma parceria com o Aplicativo Oferta Club, solução que ela resolveu implementar na loja para oferecer um cartão de fidelidade online. No app, o cliente pode realizar uma compra e acumular pontos, obtendo a partir daí a possibilidade de trocar a pontuação por outros produtos do estabelecimento.
Maria adotou a solução há duas semanas e percebe que as pessoas estão se adaptando à nova forma de consumo em seu negócio. "Até agora só duas pessoas passaram o cartão com esse aplicativo. Elas estão se acostumando, né", afirma ela em tom de entusiasmo.
A equipe do Quebrada Tech entrou em contato com os desenvolvedores do App Oferta Club, para saber mais sobre o aplicativo. Um dos marcos para a criação da solução foi construir um aplicativo que substituísse aqueles cartões de fidelidade de papel e colocar tudo em um só banco de dados que coubesse na memória do celular, pensando justamente em atender às necessidades do cliente.
Histórias com a da dona Maria José mostram que a tecnologia ainda tem muito a contribuir com a atuação de pequenos empreendedores nas periferias. Boa parte da população ainda está desenvolvendo a cultura de consumir produtos por meio da tecnologia em seu próprio bairro. Esse processo está em fase de evolução graças à atuação de pessoas como a dona Maria José, que promove um tipo de engajamento que rede social nenhuma consegue efetivar: a afetividade natural do ser humano que vive em comunidades.
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