Empresa de fibra ótica fornece à quebrada internet rápida na pandemia
Consumidores conseguiram emprego e acesso a internet durante a pandemia graças aos serviços prestados por uma empresa que fornece fibra ótica nas periferias de Diadema e em bairros da zona sul da cidade de São Paulo.
Por Tamires Rodrigues
Moradores, comércio local e serviços essenciais nas periferias de Diadema e bairros da zona sul de São Paulo só conseguiram acesso a internet durante a pandemia de coronavírus para manter a rotina de trabalho graças aos serviços oferecidos por uma pequena empresa que fornece fibra ótica chamada VeloxNet.
O desinteresse das grandes operadoras de telecomunicação em atender a região também contribuiu para a VeloxNet obter um aumento nas vendas de planos de internet nesse período de quarentena. "A gente percebe o quanto o morador da periferia é deficiente da parte de tecnologia, de internet. A gente vê um preconceito das grandes operadoras", diz Marcelo Vicente, 52, um dos sócio-fundadores da empresa.
"Estamos com um serviço de extrema necessidade no meio da pandemia. 'Todo mundo vai precisar da gente', dissemos. Tivemos que entender, nos proteger e conversar com nossos funcionários. Aí a gente fez aqui um protocolo anticovid", acrescenta.
Assim que iniciou a pandemia, a empresa adaptou os prazos de pagamento, dando prazo maior para os clientes pagarem as mensalidades pendentes. Com essa medida, Vicente relata que muitos moradores conseguiram se adequar ao pagamento e o consumo até aumentou. "O consumo na pandemia triplicou. Todo mundo em casa, todo mundo precisando usar internet , muitas pessoas trabalhando em casa, as crianças que não iam para escola precisando de internet", diz.
Ao notar o crescimento da demanda, a empresa buscou entender as necessidades dos moradores para flexibilizar a forma de pagamento. "No pior período da pandemia, entre março e abril, nós isentamos a taxa de ativação e colocamos taxa zero para a pessoa só ter a despesa após 30 dias de utilização", afirma.
Vicente defende que a empresa precisa se adaptar ao ritmo dos moradores para pensar em suas necessidades básicas e não só em lucro."Independente de nós termos uma empresa com fins lucrativos , que precisa gerar lucros, a gente entende também que estamos em um outro mercado, onde hoje é preciso ter um entendimento de duas mãos".
Atualmente a empresa oferece planos com velocidades de 20, 30, 45, 70 e 120 MB. Os preços variam entre R$ 69,90 e R$ 129,90. Outra media para atender o aumento nas vendas e instalação foi estender o horário de funcionamento, fazendo plantões de suporte aos moradores aos domingos e aumentando o quadro de funcionários.
Nos últimos 60 dias, a empresa contratou dez funcionários para ajudar a organizar as demandas. "Hoje é nossa política de trabalho só pegarmos pessoas da comunidade para trabalhar conosco. Mesmo que não tenham experiência, nós contratamos e treinamos", diz Vicente.
Letícia Abrahão, 22, é moradora do Jardim Ubirajara, um dos bairros que fazem parte distrito da Cidade Ademar, território onde a VeloxNet atua. Ela foi contratada pela empresa há trinta dias para trabalhar no setor de vendas e recepção. "Estava atrás [de empreto] há muito tempo. Foi difícil, mas consegui", diz Abrahão, lembrando que antes da pandemia já estava frustrada por não encontrar emprego em nenhum lugar.
Atualmente a moradora leva 20 minutos no percurso de casa para seu trabalho. Nem sempre foi assim. Ela já chegou a passar uma hora e meia em trânsito para chegar ao antigo trabalho. "Era cansativo demais", diz. Hoje, Abrahão diz que não precisa acordar muito cedo e tem tempo para fazer os seus deveres.
Para Vicente, esse impacto na vida da colaboradora tem uma conexão direta com o fato de a empresa apoiar o desenvolvimento da economia local. "A gente vai almoçar no bar da esquina, a gente vai arrumar o pneu no borracheiro da esquina, a gente vai trocar um vidro no vidraceiro da esquina. Hoje nós somos consumidores do bairro também, não saímos daqui para fazer nada, entendeu?".
Descaso com o cliente
Morador do bairro Cidade Julia, localizado no distrito de Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, Robson Willian, 27, é cliente há nove meses da VeloxNet. Antes ele usava os serviços de uma operadora tradicional, mas estava insatisfeito. "Eu usava a Vivo, uma empresa que faz descaso com o cliente. Ela não atendia, não dava suporte. A internet era muito ruim. Aqui na região antigamente só existia a Vivo, então nós ficávamos muito limitados em realizar algumas tarefas. Até para assistir filmes na Netflix, só rolava se alguém não estivesse navegando em nada", conta.
O morador compara o serviço prestado pela antiga empresa e a de hoje. "Além da qualidade absurda do serviço, o preço é acessível, o suporte é rápido, eles são flexíveis em questão de datas de pagamento. São coisas que a outra empresa não fornecia. Se eu estivesse com a Vivo, não estaria fazendo nem 1/3 do que estou fazendo".
Atualmente Willian está passando a maior parte do tempo em casa. Ele depende da internet para desenvolver a sua vida profissional, focada na produção de streaming de jogos em seu canal na Twitch TV. "Meu maior consumo é na realização de streaming. Além de levar entretenimento legal para a galera, consigo alguns trocados para ajudar nas contas de casa. Uso também para games online e alguns cursos", diz o jovem, que foi demitido no início da quarentena e está a procura de emprego.
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